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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 20 de abril de 2024
 

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Mensagem: Sob o aroma do “Café Galo” Alberto Sena Aproveitei a ida a Grão Mogol e fiquei sábado e domingo em Montes Claros a fim de rever parentes e me reunir com Virgínia Abreu de Paula e Raphael Reys em torno de um projeto literário. Não é hora de revelar o teor do projeto, mas posso dizer que quem se interessar em apoiar terá o nome gravado porque é algo que, posso dizer, ficará para sempre e agradará gregas e gregos, troianas e troianos porque está relacionado com a memória de quem viveu e dos que não viveram os momentos mágicos, glamorosos e românticos de uma época de Montes Claros, quando as pessoas até conheciam umas as outras. Confesso com toda sinceridade: achei Montes Claros linda, vista do avião. Cresceu em demasia. Posso estar errado e se estiver me corrijam, mas em Montes Claros hoje deve haver mais gente de fora do que propriamente nascida na cidade. Desci e subi a Rua Dr. Santos duas vezes em busca de minhas lembranças e não encontrei nem espectros delas. Só dois imóveis lembram um pouco a rua daquela época: a casa de Sinhô Batista e a de Luiz de Paula Ferreira. Os imóveis antigos em estilo colonial, art decó e clássico desapareceram sem deixar vestígios. A rua estreita parece mais estreita ainda por causa do movimento de ônibus, carros, motos, bicicletas e gente que vai e gente que vem nas estreitas calçadas esburacadas. É uma trombada atrás da outra. A Praça Coronel Ribeiro, de lembranças tantas, está abandonada. Conserva ainda a arborização, mas o miolo da praça calçado de pedras portuguesas apresenta buracos que são empecilhos para a passagem dos que por ali se aventuram. Tudo parece abandonado. Se Montes Claros fosse mulher, eu diria: hoje é uma mulher feia, vista daqui de baixo. Feia de fazer dó. Os buracos proliferam-se pelo asfalto em determinadas áreas, principalmente nos pontos em que observei em novembro do ano passado, quando fui à cidade ‘buscar fogo’. Nada mudou para melhor. O único lugar que ainda está o mesmo e Deus o conserve pelos séculos dos séculos, é o ‘Café Galo’. Como não encontrei nenhuma alma conhecida nesse vaivém na Rua Doutor Santos, pensei com os meus botões que a única maneira de encontrar alguém era lá no ‘Café Galo’. E para lá rumei. Dito e feito. No ‘Café Galo’ me encontrei com os jornalistas Jorge Silveira, Zé Maria, Noriel Cohen, Raphael Reys, e Luiz Ribeiro. Revi o historiador e jornalista, o mestre Haroldo Lívio, e também os primos Mário e Fernando Fialho; e os amigos Zecão, Tatu, Jadir, Luiz Carlos Novais, Ronaldo Almeida, Pancho, Eliezer Cruz, irmão de Cícero ‘Cuecão’, já falecido; e conheci Rogério, um dos Mosqueteiros da República do Pequistão (acho que não me esqueci de ninguém). Depois de muita conversa sobre os anos vividos na cidade querida, agora sofrida, falamos de Grão Mogol e as artimanhas de Pancho. Em seguida, os amigos que ali estavam se reuniram do lado de dentro do balcão para a tradicional foto tomando cafezinho, que o carismático Jadir Rodrigues costuma pendurar na parede. O ‘Café Galo’ é a cara de Montes Claros. Não ‘cuspida e escarrada’, mas ‘esculpida em mármore carrara’. Por ali passam celebridades e por uns instantes, essa figura aqui, descolorida, sentiu o carinho dos amigos que há muito não via. Jamais defendi Montes Claros parada no tempo. O desenvolvimento da cidade e a sua descaracterização eram previsíveis. Mas o abandono administrativo não devia ser cruel ao ponto de enfear a cidade berço de tanta gente ilustre. Os conterrâneos de boa vontade que criaram raízes deviam reagir. Pressionar mesmo a administração pública para que tenha olhos de enxergar o abandono de Montes Claros. Pelo que se sabe, a cidade poderá ser palco de treinamento para participantes da Copa do Mundo. Mas do jeito em que está, corre o risco de causar má impressão. É por isto e muito mais que sou levado a escarafunchar a vida vivida em Montes Claros para não deixar que os nacos de memória se percam. Montes Claros nem sempre foi assim. E se está assim, imagina o que será da cidade nos anos 2020 / 2030. O passado da cidade se foi. Ficaram registros. O futuro de Montes Claros está sendo projetado agora, no presente, bem ou mal, mais mal do que bem. Mas quem tem olhos para ver e quer o bem da cidade acha que tempo há de cobrar mais ações nas esferas de governos para assegurar a todos – e, principalmente, às gerações que estão a caminho – uma cidade digna de abrigar dignos seres humanos.

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